Um passarinho acorda a aurora,
faz um vôo leve mas firme
e pousa no verde a procura de cheiros.
Algo se mexe entre a folhagem
e ele tange um salto-vôo astuto em meio a vertigem.
Uma folha seca e enrugada cai no canal opaco
e dá vida a círculos perfeitos.
Uma felina surreal mia doce mas energicamente.
A esta altura roça móveis e pernas.
Uma mosca pousa no delicioso bolo que Ofélia fez
mas não vai degustar.
Ofélia tem olhos sem brilho.
Ela só pensa em sua casa. E odeia avental.
Numa janela anônima de um prédio qualquer
pousa um pombo pardo.
Igual a tantos outros, mas só aparentemente
(pombos são como tribos).
Uma lagartixa ama o muro que a camufla.
Neste mesmo muro insiste em fruir lenta
e vigorosamente uma flor. Ela parece sorrir.
(Para nós? Por ela? Em mim?)
Numa várzea próxima barrigas inchadas
e pernas esqueléticas subjugam uma impraticável bola.
Todas trejeitam ares de estrelas do showbisnes.
Sob seus pés formigas-soldados enfrentam
seu mais sangrento massacre. A colheita ia farta.
A felina sobe na mesa e se forra sobre os papeis.
Ela me exige. Preciso deitar a Bic.
terça-feira, 3 de julho de 2007
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