quarta-feira, 24 de outubro de 2007

Guarda-se

Guarda-se gravetos, bambus, compensados não muito empenados;
discos de vinil adquiridos sem pressa, mas com afinco;
livros para biblioteca em andamento;
quadros nas quatro paredes clorofílicas do quarto e da alma;
pensamentos oblíquos numa espiral;
desenhos - os que acabam ficando;
um desejo de ter visto Charles Chaplin inventando Carlito;
um punhal matreiro à espreita;
uma leve espreita;
um fascínio por gatos;
uma exaltação por flores;
uma inclinação pelo timbre denso do contra-baixo.
Guarda-se dragões e duendes enclausurados,
um monstro verde embaixo da cama e
aquele fantasma escondido no porão.
Guarda-se o cheiro da chuva no quintal da infância;
Guarda-se o tom carmim do vermelho de Che Guevara
e o triste azul de Chico Buarque;
Guarda-se. Como quem se mira.

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