sexta-feira, 22 de junho de 2007

Quem ousaria arrancar as penas de um anjo
para com ela , ainda em sangue, versar a seu amor?
Quem não sorriria se, como num acalanto divino,
um pequeno felino travasse uma batalha com seus cadarços?
Quem cultiva árvores que nunca verá frondosa,
e o doce suco dos seus frutos nunca irá solver?

Como, segurando-a pela mão diante do abismo intimá-la:
comigo – pulas ou não pulas?
E se ela não for águia?
Nem pomba pardal bem-te-vi curió...

Quem cala suas nobrezas por medo de parecer orgulhoso?
Quem se abstém de gargalhar em respeito dos desvalidos?
Quem são so disvalidos?

Como, antes de mostrar-lhe – para que não tenha medo do
desconhecido – as dores e alegrias de que sou feito,
dragões meus amigos?
Desarmado, falar-lhe de pôr-do-sol, bichanos, flores, desutilidades...
Confessar o sacro punhal que me rasga o peito
sempre que a angústia desfigura o olhar
de quem sei só que não sou eu e nada mais...

E se ela for desse tempo – pior! – se ela nem imaginou
que existe outra maneira concreta de olhar?
E se eu “tô por fora”?
E se não vale a pena?
O que é que vale a pena?

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